Blues

Boa noite, 

Sejam bem-vindos e façam favor de entrar. 

Hoje é Blues o que toca aqui…

Hoje cheguei a casa e com esta chuvinha lá fora pensei… “hum… hoje apetece-me mesmo ouvir um bom Blues!”… e assim foi! Fui direita à minha discoteca, coloquei o vinil do Mister BB King a tocar (Live at the Regal), fiz um cappuccino e estendi-me no sofá… de repente pensei (!) - “Porque não levar o meu Blues ao Groove your Soul?!”. Embora os estilos predominantes deste Blog sejam o Soul, o R&B e o Hip Hop, a verdade é que eles têm bons amigos que de vez em quando gosto de visitar, como é o Funk, o Jazz e o Blues!

E pronto, aqui estou eu com o meu cappuccino, dando inicio a mais um post.

O Blues nasceu nos EUA (mais precisamente nos estados de Alabama, Mississipi, Louisiana e Geórgia), tendo origem nas culturas Afro-Americanas e nos seus cânticos de fé religiosa ou nos chamados cânticos do trabalho, que eram por diversas vezes entoados pelas comunidades de escravos nas plantações de algodão Americanas.
É um estilo melancólico, que retrata alguma tristeza e até mesmo dor na forma em que é tocado. A própria expressão "feeling blue" é sinónimo de tristeza, instrospecção e melancolia.

Desde então até os dias de hoje, o Blues teve a sua evolução e passou dos cânticos às guitarras electrizantes. Dessa evolução fizeram parte nomes importantes como é o caso de Muddy Waters e BB King, ambos serão recordados hoje aqui. Existem muitos mais sobre os quais não falarei mas caso estejam interessados poderão pesquisar. Falo de nomes como Albert King, John Lee Hooker, Eric Clapton, Robert Johnson ou Taj Mahal. 

A juntar à dupla acima referida, acho importante referir a influência que o Blues teve noutros estilos e a forma como o mesmo foi adaptado à música dos mais variados artistas, para o efeito escolhi o brilhante Jimi Hendrix.
Por fim e porque acho importante e prezo sempre por uma presença feminina, escolhi a senhora que mais gosto de ouvir cantar Blues - Nina Simone. Sim, eu sei que ando constantemente a “rondar” Nina Simone e nunca fiz um post como deve de ser sobre ela… mas é que se Marvin Gaye é o rei no meu coração musical, Nina está sentada a seu lado no trono… (too much respect!!)... A versatilidade desta mulher é impressionante… ela tanto canta Soul, como Blues, como Jazz. A sua voz incrível adequa-se a qualquer um destes estilos na perfeição mas hoje, Nina sings the Blues.

Bem, posto isto, aqui vamos!

Muddy Waters

Muddy Waters nasceu em 1915 no Mississipi (EUA) e foi o músico Norte-Americano considerado o pai do Chicago Blues bem como, nomeado um dos melhores artistas de sempre pela revista Rolling Stone. 

Muddy começou por tocar a harmónica (outro instrumento característico do Blues) e ainda em adolescente aprendeu a tocar a guitarra, actuando em festas nas quais interpretava alguns temas de cantores de Blues famosos da época, como Robert Johnson. 

Nos anos 40 mudou-se para Chicago e após algumas actuações em bares é descoberto pela editora Chess Records, com a qual alcança o seu primeiro sucesso -“Rollin’ Stone”. A partir daí é sempre a somar… Em 1954, é editado um dos seus maiores hits - "Hoochie Coochie Man” – com a participação do baixista Willie Dixon, também o compositor desta música.

Em 1955 é lançado o tema mais famoso deste cantor – “Manish Boy” – uma resposta dizem, ao tema “I’m a Man” do "concorrente" Bo Diddley, o qual por sua vez teria sido inspirado no tema anterior “Hoochie Coochie Man”.        

A influência que Muddy Waters teve no mundo da música foi de uma magnitude tremenda. Os seus êxitos sucederam-se uns atrás dos outros e inspiraram inúmeros artistas, como é o caso de por exemplo - "I Just Wanna Make Love to You”, já aqui apresentado na voz de Etta James. Os próprios The Rolling Stones devem o seu nome ao primeiro hit deste cantor “Rollin´Stone”. Eric Clapton e os Cream também fizeram covers de Muddy Waters e foram fortemente influenciados por ele na sua música. Até os Led Zeppelin e a sua famosa “Whole Lotta Love”, que foi inspirada no tema de Muddy “You Need Love”… e como estes, tantos e tantos outros. 

Deixo-vos com outro grande tema de Muddy, lançado em 1957 – “Got My Mojo Working”.

BB King

BB King é de facto, o Rei.

Este cantor, compositor e guitarrista é considerado uma lenda viva do Blues e foi eleito o 6º melhor guitarrista de sempre pela revista Rolling Stone. A sua forma de tocar e o modo como conseguiu misturar o Blues tradicional com outros estilos como o Jazz, o Swing e o Rock, fizeram dele uma figura incontornável no mundo do Blues, que viria a inspirar os diversos músicos que se seguiram, como foi o caso de Eric Clapton (considerado o segundo melhor guitarrista no ranking da Rolling Stone).

 

Riley Ben King, mais conhecido como BB King (BB de Blues Boy), nasceu numa plantação de algodão em 1925, também no Mississipi. Começou por cantar Gospel e ganhou alguma popularidade quando participou no programa de rádio de Sonny Boy Williamson (também cantor de Blues). Mas foi um ano depois, em 1949, que BB King gravou as suas primeiras canções pela mão da editora RPM Records.

Na década de 50 atingiu o sucesso com temas como este "Three O'Clock Blues".

Outro tema que o popularizou foi “Sweet Little Angel”, uma versão do tema original considerado um clássico do Blues - “Black Angel Blues”. Este tema foi editado em 1956 e mais tarde viria a ser incluído no seu primeiro álbum ao vivo - “Live at Regal” (1965). Este álbum foi considerado como um dos melhores álbuns de Blues de sempre. Eu concordo! :)

 

Com outra versão, desta vez de "The Thrill Is Gone", BB King venceu o seu primeiro Grammy (de muitos) para melhor performance masculina de R&B, em 1970.

Contudo, a minha música preferida deste cantor é “Lucille”, que também dá nome ao álbum do qual faz parte, editado em 1968. Para quem não sabe, Lucille é o nome que BB King dá às suas guitarras. Isto eu por acaso já sabia, o que eu não sabia era o porquê! Ora, uma das grandes vantagens em escrever estes posts, tal como já vos disse, é a quantidade de coisas que eu aprendo com eles!
Pois bem, conta a história que no Inverno de 1949 BB King actuava num salão de Twist em Arkansas. Como estava frio e com o objectivo de aquecer o salão, colocaram um barril cheio de querosene a arder no meio do salão, prática que pelos vistos era bastante comum na época. No meio do espectáculo, dois homens começaram a discutir e na briga entornaram o barril, incendiando o espaço. O salão foi evacuado e já fora do recinto, BB King recordou-se que tinha deixado no interior a sua guitarra Gibson acústica. O mesmo regressou ao salão em chamas e, com muita sorte, escapou com vida recuperando a sua guitarra. No dia seguinte, soube que o motivo pelo qual os dois homens iniciaram a briga, dando origem ao incêndio, tinha sido uma mulher de nome Lucille. A partir dessa altura passou a chamar a todas as suas guitarras de Lucille por forma a que, segundo o mesmo, "se lembrar de nunca mais voltar a fazer uma coisa daquelas".

Fiquem com BB King e a sua Lucille.

 

“Lucille took me from the plantation. Oh and you might say brought me fame. I don't think I can just talk enough about Lucille... sometimes when I'm blue it's seems like Lucille trying to help me, calling my name…”

Jimi Hendrix

Ok, sobre este cantor eu poderia escrever milhares de coisas… pois ele foi um génio e o melhor guitarrista de sempre na história do Rock. Mas agora, o que eu quero mostrar-vos é a forma em como o Blues foi incorporado na sua música.  

Jimi Hendrix nasceu em 1942 nos EUA, mais propriamente em Seatle, e iniciou a sua carreira tocando em bandas de apoio a músicos de Soul e Blues, como foi o caso de BB King. Contudo, Hendrix só viria a atingir o sucesso em Londres, quando o manager e produtor Chas Chandler, impressionado com o seu talento, o contratou e ajudou-o a formar a banda The Jimi Hendrix Experience. 

Em 1967 lançam o primeiro álbum – “Are You Experienced”, que consiste numa mistura de baladas, Rock psicadélico e Blues. O resultado é extraordinário e dele retiro a minha música preferida de Blues de sempre – “Red House”.

Outro álbum igualmente fantástico e do qual destaco outro tema igualmente fantástico é “Electric Ladyland” (1968) e a música “Voodoo Chile”… a long Blues jam… enjoy.

Como podem ver, Jimi pegou no Blues tradicional e levou-o para outro nível, misturando-o com o seu Rock psicadélico e guitarras electrizantes criando um som tão forte e potente que nem os amplificadores da altura aguentavam… mas isso conto-vos noutro post! ;)

Nina Simone

 
Bem, também não me vou extender neste tópico pois, tal como vos disse, a esta Senhora está reservado um mega-post, como ela assim o merece! Contudo, andei às voltas a pensar numa voz feminina com a qual gostasse verdadeiramente de ouvir Blues e só conseguia nomear uma… Nina Simone. Assim sendo, deixo-vos Nina e o seu álbum de 1967 “Sings the Blues”… Maravilhosa, maravilhoso… se puderem oiçam este álbum de uma ponta à outra, numa bela noite de chuva, acompanhados de um bom copo de vinho tinto… já disse que é maravilhoso?

Do I Move You?

 

Blacklash Blues

 Since I Fell for You

Blues for Mama

Boa noite,

Foi um prazer partilhar o meu Blues convosco.